A história da tecelagem está profundamente ligada às mulheres, sendo uma das formas mais antigas de expressão artística e trabalho realizado predominantemente por elas. Desde os primórdios das sociedades humanas, as mulheres desempenharam um papel central na produção de têxteis, inicialmente como parte das tarefas domésticas e, posteriormente, como artesãs e inovadoras.
Origens da Tecelagem: A tecelagem começou no Neolítico (cerca de 10.000 anos atrás), quando os primeiros tecidos eram feitos manualmente a partir de fibras vegetais como linho, algodão e cânhamo. As mulheres eram responsáveis por coletar as fibras, fiar os fios e tecê-los, criando vestes e cobertores para a sobrevivência de suas comunidades. O tear, uma das invenções mais antigas da humanidade, foi uma ferramenta essencial nesse processo.
A Tecelagem como Poder Cultural e Espiritual: Em diversas culturas, a tecelagem estava associada a poderes espirituais e simbólicos. Nas mitologias, como a grega, figuras femininas como Penélope e as Moiras (que controlavam o destino humano tecendo os fios da vida) evidenciam essa conexão. Isso reflete como a tecelagem simbolizava criação, continuidade e conexão entre o material e o espiritual.
A Era Medieval e a Divisão de Gênero no Trabalho: Durante a Idade Média, as mulheres continuaram a dominar a produção têxtil, especialmente em contextos domésticos e em oficinas menores. Muitas trabalhavam em guildas, embora frequentemente fossem marginalizadas em posições de liderança. A tecelagem também era uma fonte de renda para viúvas e mulheres de classes baixas, sendo uma das poucas profissões acessíveis para elas.
A Revolução Industrial e o Papel Feminino: Com a Revolução Industrial (século XVIII), a tecelagem passou de uma atividade manual para uma indústria mecanizada. As mulheres foram massivamente empregadas em fábricas têxteis, frequentemente em condições precárias e com salários baixos. Embora a industrialização tenha ampliado o alcance dos produtos têxteis, ela também reforçou desigualdades de gênero no trabalho.
Anni Albers e a Tecelagem como Arte Moderna: No século XX, mulheres como Anni Albers, da escola Bauhaus, redefiniram a tecelagem como uma forma de arte moderna. Albers transformou o ato de tecer em uma linguagem visual, combinando funcionalidade e estética. Sua abordagem influenciou tanto a arte quanto o design, destacando o trabalho feminino em um cenário historicamente dominado por homens.
A Tecelagem e as Mulheres Hoje: Atualmente, a tecelagem permanece ligada às mulheres, tanto como prática artesanal quanto como expressão artística. Muitas comunidades indígenas ao redor do mundo preservam técnicas tradicionais transmitidas por gerações de mulheres. Ao mesmo tempo, a tecelagem tem sido resgatada por movimentos feministas e artísticos, como símbolo de resistência e conexão com o passado.