O povo Huni Kuin, o maior grupo indígena do Acre, habita regiões próximas a rios e florestas da Amazônia Ocidental. Seu nome significa “homens verdadeiros” e seus grafismos, chamados ''kene kuin'' (desenhos verdadeiros), são expressões artísticas e culturais fundamentais, presentes em vestimentas, cerâmicas, tecelagens e pinturas corporais.
Os ''Japiins''(txana), pássaros mestres na construção de ninhos, inspiram os Huni Kuin na arte da tecelagem, que é conduzida principalmente pelas mulheres. Essas artesãs utilizam algodão orgânico, cultivado em suas roças, e tingem os fios com pigmentos naturais obtidos de árvores como mogno e cerejeira. A tecelagem é um processo coletivo e ritualístico, onde cantos tradicionais invocam força e conexão com a natureza.
Segundo a mitologia Huni Kuin, a jibóia Sidika ensinou às mulheres a tecelagem e a pintura corporal, enquanto a anaconda Yube transmitiu aos homens a arte do cipó e seus cantos visionários. Os grafismos Huni Kuin, conectados ao cipó alucinógeno (nixi pae), revelam universos escondidos, simbolizando a cosmologia do povo.
A comercialização do artesanato é vital para a geração de renda sustentável e a preservação cultural dos Huni Kuin, reforçando a importância de valorizar e divulgar sua arte ancestral.